22 de agosto de 2017

A reforma política e a fidelidade dos partidos

Prevista para entrar em votação hoje no plenário da Câmara Federal, a reforma política volta ao topo das discussões no Congresso Nacional. O parlamento federal tem pressa em colocar o tema em votação pelo fator da aproximação das eleições do mês de outubro. Para as regras começarem a valer nas próximas eleições, a reforma política precisa ser sancionada um ano antes do período das eleições estaduais do dia 7 de outubro de 2018.
Para quem está de fora da discussão profunda em torno da reforma política, a sensação é de que os congressistas estão tentando salvar a própria pele. Muitos parlamentares migraram de partidos por conta do último resultado das eleições municipais. Por conta dos últimos escândalos, partidos políticos passaram a alvo de críticas por conta da sociedade – anteriormente, a população se preocupava em escolher o candidato e hoje passou a ter mais cuidado em saber qual partido está determinado candidato. 
O PT, por exemplo, foi o partido mais prejudicado nas últimas eleições municipais com a redução do número de prefeitos e vereadores eleitos. Em segundo lugar, apareceu o PMDB, legenda cuja a maioria dos seus líderes está atolada em denúncias de corrupção da operação policial Lava Jato. Algumas legendas aproveitaram os marqueteiros com a finalidade de saber o impacto dos partidos políticos nas últimas denúncias de corrupção. O resultado não foi surpreendente. 
Os escândalos de corrupção ocasionados em decorrência da operação Lava Jato, além de resultar na prisão de líderes políticos, motivaram a criação de novas legendas consideradas de esquerda. A disputa por ministério também foi um convite para inchar partidos políticos e aumentar o apetite político por cargos nos ministérios, cujos indicados são escolhidos pelo Palácio do Planalto. A contrapartida governamental é garantir a fidelidade partidária  na votação de temas polêmicos de interesse do Governo Federal. 
Ontem, em debate promovido pelo jornal “O Estado de São Paulo”, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, emitiu opinião sobre a reforma política. Defendeu o  semipresidencialismo como sistema de governo e a necessidade de fazer formas políticas profundas. Enquanto a Justiça aperta o cerco contra o abuso de dinheiro nas campanhas, o parlamento parece buscar alternativa de garantir a maior fatia de recursos do bolo partidário disponível para as eleições dos próximos anos. 
Alguns pontos da reforma política precisam ser amadurecidos pelos congressistas e necessitam de um debate mais amplo. O País ainda se recupera de escândalos de corrupção e não será a reforma política que vai barrar a sangria nos desvios de recursos públicos.

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