10 de setembro de 2016

O calote em Jirau e os impactados pela obra

Os gestores da usina de Jirau, em Porto Velho, reclamam que levaram um tombo patrocinado pelas distribuidoras de energia elétrica. A reclamação chegou por meio de carta à Agência Nacional de Energias Elétrica (Aneel), na semana passada, mas o assunto somente veio à torna na última quinta-feira por meio de matéria jornalística produzida pelo jornal o Estado de São Paulo. 
Ao que parece, não há motivo para muito alarde. Se as distribuidoras não pagam o que devem, há mecanismos para a punição. Se o consumidor não paga a conta de energia em dia, a distribuidora corta o fornecimento o proprietário do imóvel é punido e tem o nome incluso no cadastro de inadimplentes. Com as concessionárias o procedimento deve ser o mesmo. 
A conta da usina de Jirau é alta.  O rombo, conforme a reportagem do jornal paulista, ultrapassa R$ 168 milhões e a empresa ameaça suspender suas atividades e paralisar as obras. A forte crise econômica pode ter sido um argumento utilizado pelas distribuidoras de energia, mas em alguns Estados, essas empresas cobraram a fatura normalmente do consumidor.  É um assunto que precisa melhor ser explorado. 
A usina de Jirau tem um passado cercado de problemas. Em 2011, um ato de vandalismo resultou na destruição do canteiro de obra. Os alojamentos dos operários foram incendiados, agências bancárias destruídas e ônibus destruídos. Um prejuízo que resultou na paralisação das obras e motivou a interferência da Secretaria da Presidência da República e Ministério do Trabalho. Para o leitor ter uma ideia, até preso condenado pela Justiça de outros Estados estava trabalhando ativamente na usina na época do ocorrido. 
Moradores que foram atingidos pelo impacto ambiental da obra reclamam na Justiça e ainda cobram o pagamento de indenização. Algumas famílias foram remanejadas para a localidade de Nova Mutum, distrito distante 80 quilômetros de Porto Velho, mas os moradores reclamam do local e ainda sonham com um pedaço de terra para plantar. Algumas casas foram abandonadas e o local começa a registrar índices de roubos. 
Em outubro de 2012, o grupo responsável pela usina de Jirau tornou pública sua preocupação com a ameaça de “graves riscos estruturais”, causada pela mudança da cota do reservatório de Santo Antônio, hoje em análise pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ontem, por coincidência, o Ministério de Minas e Energia, autorizou o funcionamento de mais uma unidade geradora em Jirau. A única certeza nesse momento é a promessa de novos capítulos dessa novela mexicana. 

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