24 de outubro de 2013

Dragagem do madeira atrasa e trava economia de Rondônia

No período da seca, o transporte de cargas reduz no rio
A execução do serviço de dragagem do rio Madeira, incluindo o levantamento topobatimétrico, está suspenso. A decisão é da Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental – AHIMOC, em ofício encaminhado à Petcon Construção e Gerenciamento LTDA, empresa vencedora do processo licitatório. O pedido de suspensão foi em razão do aumento do nível do rio Madeira, o que compromete os trabalhos.
“Nesse sentido, solicitamos a paralisação dos serviços de retirada de sedimentos, bem como a desmobilização dos equipamentos e mão de obra”, diz o ofício assinado pelo superintendente da AHIMOC, Sebastião da Silva Reis. No documento, ele acrescenta que o serviço de retirada de sedimentos deve acontecer somente no período de águas baixas.
A obra de dragagem faz parte do conjunto de empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que chegou esse mês ao 8º balanço com sua execução capengando em Rondônia.
Previsto para o mês de julho, o serviço de dragagem do Madeira começou no dia 24 de setembro apenas na localidade de Tamanduá, distante 10 km de capital rondoniense. O anúncio atrasado da obra trouxe também também o período das chuvas, que compromete todo o processo de identificação de pontos críticos de navegação, segundo informaram especialistas.
“Com a antecipação das chuvas, os bancos de areia praticamente já desapareceram”, disse o comandante da Marinha em Rondônia, Luiz Reginaldo de Macedo. No último dia 3 de outubro, o nível do Madeira atingia a marca de 4 metros. Quinze dias depois, o nível do rio já registrava 6 metros. “Para navegação, o aumento do nível é excelente”, afirmou Macedo, acrescentando que em 31 de outubro do ano passado, a aferição comprovou naquela época 4,56 metros.
Com a antecipação das chuvas, a dragagem será retomada no próximo ano. Antes da suspensão da obra, o Diário constatou que apenas uma draga trabalhava no local. Na semana passada, a Petcom, empresa vencedora da licitação de R$ 6,4 milhões, não soube informar a quantidade de dragas que estavam operando na região de Tamanduá. A empresa se comprometeu em entrar em contato com o pessoal da engenheira, mas até o fechamento da edição eles não retornaram.
Investimentos em portos dependem da hidrovia
Porto Graneleiro está trabalhando acima do limite
A hidrovia do rio Madeira é vista como corredor estratégico de escoamento da produção de soja que é produzida no Sul de Rondônia e Mato Grosso. A melhoria da estrutura portuária existente hoje em Porto Velho depende da consolidação da hidrovia.
Dados da Secretaria Especial de Portos (SEP) mostram que os portos da região Norte estão trabalhando ou já ultrapassaram o limite da capacidade. Até 2030, a região Norte deveria ter o dobro da capacidade que tem hoje.
“A partir das alternativas de escoamento é que definimos investimentos para escoar a produção de forma mais barata. Nesse processo, fazemos a comparação de custos, capacidade e tempo. Depois desse tripé é que avaliamos os investimentos nos portos”, explicou Luiz Cláudio, diretor de portuária da SEP.
A SEP prevê investimentos na ordem de R$ 100 milhões para o escoamento de grãos em Rondônia. O grupo Maggi estuda ampliar sua capacidade na capital rondoniense. Até dezembro deve ser assinado com a SEP um contrato para construção de um Terminal de Uso Privado (Tup), que funcionará no rio Madeira. A empresa Cargil quer ampliar a capacidade de armazenamento de milho para 10 toneladas.
Transporte de carga cresce 9,10%
No período 2001-2012 a movimentação total de cargas no porto organizado de Porto Velho evoluiu de 1.838.758 toneladas para 3.677.918 toneladas, com incremento de 100,2%, correspondente à média de 9,10% ano. Da capital rondoniense, os produtos seguem para o Porto de Itacoatiara, a 270 quilômetros de Manaus (AM). De lá, os conteiners são encaminhados para a Europa.
“No período da estiagem no rio, o volume de cargas é reduzido devido o volume de bancos de areia que surgem no meio do rio”, disse diretor do Porto Graneleiro de Porto Velho, Ribamar Oliveira. A fase da estiagem acontece no período de julho a setembro, o que compromete a navegabilidade do rio.
Através da hidrovia rio Madeira são escoados soja, adubo, milho, açúcar, conteiners, carretas, madeira, telha , brita. “Em 2012, se movimentou 3,2 milhões de toneladas de soja, com perspectiva de, em 2017, atingir o patamar de 5,3 milhões de toneladas”, explicou.
Palestras nos distritos explicam a importância da obra
Ângela Freitas, do Dnit, durante registra imagem do rio
No período entre 07 e 15 de maio de 2013, a equipe Veritas, responsável pela execução do Programa de Educação Ambiental, visitou as comunidades de Tamanduá, Porto Chuelo, Cujubim, Cujubinzinho, São Carlos e Papagaios em Rondônia, além de Humaitá no Amazonas.
A ação levantou informações iniciais e realizou reuniões com líderes comunitários e atores locais. O Programa de Educação Ambiental realizou ainda oficinas e palestras em algumas comunidades próximas do local onde serão realizados os serviços de dragagem de manutenção do rio Madeira. “Tivemos de explicar à população o que de fato ia acontecer. Muitos rebeirinhos ficaram apreensivos e temiam que a dragagem traria consequências semelhante à construção das usinas do Madeira”, disse Ângela Freitas, engenheira ambiental do DNIT, que esteve participando das palestras nas comunidades.
SERVIÇO
Hidrovia: Rio Madeira
Trecho: Compreendido entre Porto Velho (RO) e a sua foz no Rio Amazonas (AM).
Extensão: 1.092 km
Valor: R$ 6.438.764,15.
Os serviços de dragagem serão feitos na faixa do canal de navegação nas passagens onde os levantamentos topobatimétricos, executados, confirmarem a necessidade de sua realização, conforme projeto do gabarito do canal de navegação. Os trechos críticos e o volume total são apresentados no quadro a seguir:
RONDÔNIA
Tamanduá: 232.317,25m³
Cujubim/Mutum: 81.944,94m³
Vila de São Carlos: 72.134,63m³
Curicacas: 15.281,12m³
Papagaios: 123.054,26m³
AMAZÔNAS
Três Casas: 71.612,18m³
Salomão/ Fausto: 21.489,65m³
Texto: Marcelo Freire/Diário da Amazônia
Fotos: Roni Carvalho/Diário da Amazônia

Nenhum comentário:

Postar um comentário